Teste superado


E que teste... Quase sempre atrás do resultado, no campo do terceiro classificado e com a pressão de ter de pôr pressão no Benfica, que jogava mais tarde. Tudo isto naquela que era, teoricamente, a deslocação mais difícil até ao final do campeonato. Mas, se há coisa que não falta a este FCPorto de Conceição, é mentalidade competitiva. Esta mentalidade garantiu estes importantíssimos três pontos. Isso e os penáltis... Também não se pode dizer que não tenhamos treinado bem os penáltis naquele estádio... Que ironia, ter-se decidido assim!

Contámos ainda com um Braga que parecia mais preocupado em não perder do que entusiasmado de entrar na luta pelo título. Podiam ficar a dois pontos do FCPorto... Mas vimos uma equipa confortavelmente colocada junto à sua área e que, quase por milagre, nas poucas vezes que conseguiu subir as linhas de pressão até junto da nossa defesa, fez golo. Isso foi suficiente para Abel dizer que jogou muito bem. Sinceramente não me pareceu. E até fiquei algo apreensivo com o poder atual deste Braga, visto que é uma das deslocações do Benfica neste final de época.  Teoricamente até seria a mais difícil...

Mas pode ser que este seja apenas mais um dos clubes que mudam o seu sistema para defrontar o FCPorto. Aparentemente, pelos onzes iniciais, as duas equipas iam jogar no seu esquema habitual. O Braga com o seu duplo lateral direito, mas com Esgaio mais adiantado. Cedo se percebeu que, na maior parte do tempo, Esgaio era lateral direito e que Goiano fazia de central, apesar de ter metro e meio. Isto poderia ser pelo facto de o Braga ter chegado ao golo na primeira vez que passou do meio campo, mas manteve-se quando empatámos pela primeira e pela segunda vez. O FCPorto, sem Oliver e Brahimi e com o seu característico futebol direto e físico. Repetirei mais uma vez que não me conformo com esta dupla opção. Reparem que sempre que entram a partir do banco, o nosso jogo passa a rodar à volta deles. Isso aconteceu ontem em Braga. Brahimi entrou logo parecia que era a nossa única solução alternativa à de bombear bolas para os avançados. Toda a equipa o procurava. Agora expliquem-me como é que um suplente pode ter tamanho impacto na forma de jogar da equipa e manter-se na condição de suplente por vários jogos e, no caso de Oliver, por vários meses... Queixamo-nos que todos os nossos resultados são difíceis e conseguidos in extremis, mas continuamos a retirar os jogadores mais talentosos à equipa. Já só falta tirar Corona... Sempre admirámos o Conceição porque era um jogador que, graças ao seu coração, empenho e garra, foi muito melhor do que as suas capacidades técnicas faziam antever. Nunca pensei que ele transpusesse isso para as suas equipas, num clube como o FCPorto... Já me resignei porque os resultados, apesar de sofridos, continuam a não ser maus. Mas não me obriguem a dizer que gosto destas opções recorrentes e do futebol que vimos praticando, porque não gosto!

Vamos ao jogo. Duas partes semelhantes: entradas desastrosas em jogo, com erros defensivos infantis, e boa reacção, que devia ter valido a reviravolta na primeira parte e que se concretizou na segunda. Gostei mais da reacção na primeira. Goste-se ou não do nosso esquema de jogo, conseguimos reagir, na primeira parte, de acordo com a nossa forma de jogar. Conseguimos jogar bem com as arrancadas de Marega e aproveitámos bem a confusão que Abel lançou na sua equipa com o esquema de 5 defesas que apresentou. Um bom exemplo é a excelente jogada que termina com o remate de Marega à entrada da área, no final da primeira parte. O problema é que não chegámos ao intervalo a ganhar, algo que merecíamos. Na segunda parte, a reacção foi mais emocional. Brahimi bem tentava pegar no jogo, mas o Braga estava muito recuado e acabámos sempre a despejar para a área, onde apareciam Marega e Soares no meio de uma multidão. Foi na garra! Um bom exemplo foram os penaltis. Foram mais conquistados do que concedidos pelo adversário. Duas boas antecipações, a demonstrar muito querer. No final, sofremos um pouco, devido às substituições muito ofensivas que Conceição teve de fazer e, sobretudo, à falta que Alex faz na defesa. Também não ajudou a tarde de pouca inspiração dos três centrais. Quem diria!

Individualmente, dou o MVP a Corona. Foi o jogador mais constante ao longo dos 100 minutos de jogo. Gostei de Alex e achei que Herrera esteve bem melhor que Danilo. Soares acaba por estar ligado ao resultado mas os golos pareceram excepções. Tal como Marega, não posso dizer que jogaram mal, mas não estiveram muito inspirados na definição. E é isso que se pede a avançados... A entrada de Brahimi não teve um impacto imediato mas foi fundamental para a nossa recuperação. Fernando Andrade deu tudo o que tem, como sempre. O problema é que não parece ter muito para dar além da garra que lhe valeu o penálti decisivo. Acho incrível o rendimento que temos tirado deste jogador apesar das suas limitações. Manafá mostrou claras dificuldades quando precisámos de defender o resultado. O que vale é que não acontece muitas vezes a clubes grandes estarem nessa posição. E daí... Para terminar os três centrais e Iker. Que chorrilho de disparates! Logo no nosso setor teoricamente mais forte e experiente. Que tremideira inexplicável!

Julgávamos que iríamos ter o teste mais difícil do dia, por ser fora, contra um candidato e pelo Benfica jogar em casa com uma equipa do fundo da tabela. Mas já percebemos que jogar em casa não tem sido muito confortável para aqueles lados. Além de terem de andar a arranjar maneiras (reais ou virtuais) de encher mais o estádio, a tremideira tem sido muita. Esperemos que os resultados de quarta-feira e da Liga Europa venham contribuir para essa tremideira. É o que nos resta... Dependemos de outros.

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