Descanso


Têm sido poucos os jogos em que podemos passar a segunda parte descansados e sem grandes sobressaltos. Assim, é sempre de destacar quando podemos efetivamente descansar no jogo, com bola e preparar uma série de jogos muito complicada, que começa já com um jogo na terça-feira, de dificuldade máxima, em Liverpool. Já sei que os adeptos que foram apoiar a equipa numa sexta-feira chuvosa e fria, mereciam mais golos e mais espectáculo, mas foi o que se arranjou. A equipa sentiu que deveria desacelerar e eu compreendo.

Mais uma vez tivemos um adversário com uma defesa reforçadíssima. Foi uma táctica estranha a que o Boavista apresentou. Além dos 3 centrais, os dois defesas laterais pareciam médios adaptados, com pouca mobilidade e capacidade de chegar à frente. Num meio campo a 4, aparecia apenas um jogador de características defensivas. No entanto, Bueno, Rafa e Índio (mais parece uma boys band dos anos 90), apareceram colados à linha defensiva, deixando um avançado, feito tolo, a correr atrás das bolas lá na frente. Perante mais esta amostra, confesso que o relativo sucesso de Lito Vidigal nestas equipas de meio da tabela, é algo que não consigo explicar. Tem todos os defeitos de treinadores fracos que há muito desapareceram deste campeonato...

Por sua vez, a ausência de Alex Telles trouxe a oportunidade de ver Brahimi a titular. Aliás, tivemos em simultâneo Brahimi, Corona, Otávio e a dupla ofensiva. Algo raro e entusiasmante. Para compensar e para que eu pudesse conter o meu entusiasmo, Oliver nem saiu do banco... Mas não deixou de ser uma boa amostra de como as opções para a titularidade podem revolucionar a nossa forma de jogar. Deste logo uma estatística paradigmática: batemos uma recorde do campeonato de dribles num jogo. Entre Manafá, Corona, Brahimi, Herrera e Otávio, foram inúmeras as vezes que ultrapassámos a defensiva contrária através da técnica individual e velocidade dos nossos jogadores. O primeiro golo até surge de um lance desses. Com esta capacidade de condução de bola, deixámos de ver os irritantes lançamentos directos para os nossos avançados. Não digo que não seja uma forma legítima de atacar. Pelo contrário. Até é algo que os nossos avançados interpretam bem, criando muito perigo. O que interessa aqui é que temos de ter a capacidade de atacar de outra forma e de variar o nosso jogo. Esta capacidade de reter bola até ajudou a que pudéssemos descansar melhor na segunda parte. Só vejo vantagens!

Assim, com esta configuração, o jogo começou por ser interessante. A velocidade alta na condução de bola trouxe várias oportunidades na primeira parte. O resultado era muito escasso no intervalo. O segundo golo acabou por trazer tranquilidade visto que o Boavista, pouco ou nada ameaçou.

Individualmente, dou o MVP a Otávio. Marca o segundo golo e foi o jogador com exibição mais constante ao longo do jogo. Se o jogo terminasse ao intervalo estaria indeciso entre Soares e Brahimi. Soares esteve muito mexido e combinou muito bem com os médios na primeira parte. Na segunda parte desapareceu. Brahimi também iniciou muito bem com as suas arrancadas estonteantes para a baliza. Na segunda parte, caiu muito e pareceu que foi por razões físicas. Os laterais fizeram bem a sua função. Na ausência de oposição para defender, só atacaram e bem. Destaque ainda para a dupla de centrais. Na minha opinião esta é a nossa melhor dupla e julgo que foi a primeira vez que a vimos em acção. O jogo não foi exigente, mas tivemos a tranquilidade que se esperava. Em Portimão terão um teste mais complicado. Destaque negativo para Marega. Muito descoordenado dos colegas. Procurou a profundidade demasiadas vezes, quando a equipa estava a pedir outras coisas. Precisa de um golo urgentemente. Destaque final para os contributos de banco. Maxi e Loum cumpriram, mas Hernâni entrou muito desastrado.

De volta à Champions, apenas desejo que joguem sem complexos e com a pressão única e habitual de estarem a representar um clube bicampeão europeu, nos quartos de final da competição. Só isso...

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