Tiques Scolarianos de Rui Jorge


Não é um assunto muito apropriado para o blog, até porque fala mais da Selecção Nacional do que do FCPorto, mas é um assunto que sigo com interesse e eu, hoje, invento qualquer coisa para não ter de falar das assustadoras contas do FCPorto, apresentadas por Fernando Gomes. 

A ideia surgiu quando vi que o rendimento dos sub21 baixou bastante nos últimos quatro jogos. Chegámos a sofrer um golo, que foi o único do Liechtenstein em todo o apuramento. Não há sinais de alarme aparentes. Mas as aparências, por vezes, poderão iludir e temo que Rui Jorge esteja a desenvolver o ego por caminhos perigosos.

Por motivos familiares, desde há 5 anos atrás, tenho vindo a acompanhar as camadas jovens com muita atenção. Isso tem implicado ver jogos ao vivo, que não dão na TV, assistir a jogos em sintéticos pelados, etc. E quase só sigo competições nacionais! É o que temos... Isto para dizer que compreendo a recente sobrevalorização do trabalho de Rui Jorge. É o que ditam os resultados e esses têm sido bastante bons, com apenas uma grande desilusão na final do Euro de Sub21. Mas será que evoluímos assim tanto desde Rui Caçador, José Romão, Nelo Vingada, José Couceiro e outros que por lá andaram com menos sucesso? Ou será que a matéria prima de agora é muito melhor? Dou um exemplo: José Romão foi às meias finais do Euro com uma geração que tinha Bosingwa, Meireles, Bruno Alves, João Pereira, Hugo Almeida, tudo jogadores que fizeram carreira longa na Selecção A. Rui Jorge é bom e melhor que os referidos, mas a matéria prima conta! E nesse caso, o papel da formação nos clubes não conta? Obviamente e tem sido fulcral o trabalho na formação dos três grandes, mas também noutros clubes como Braga, Guimarães, Rio Ave, Paços de Ferreira, Belenenses e Setúbal. Custa-me 'endeusar' Rui Jorge e até o Hélio Sousa e Emílio Peixe (bem conhecido pelas suas convocatórias avermelhadas) porque acho que o maior mérito tem sido dos clubes e da sua aposta na formação. Se depois a concretizam na transição para as equipas A, é outro longo assunto...

Independentemente das características técnicas, que tem, Rui Jorge dispõe de maior qualidade que resulta em matéria prima muito superior à que tiveram os seus antecessores. Essencialmente destaco 4 gerações de grandes talentos que Rui Jorge 'apanhou':
- Uma geração mais velha que já está cimentada na selecção nacional A onde temos João Mário, André Gomes, Bruma, Ricardo Pereira, Ilory que são a base dos finalistas do Europeu de Sub 21 e que também estiveram nos oitavos de final do mundial de sub-20 e na fase de grupos do europeu de sub19.
- Uma geração intermédia que vai dando os primeiros passos na primeira liga e na Selecção A, em que já aparecem João Cancelo, Bernardo Silva, Gonçalo Paciência, Ruben Semedo e Tobias Figueiredo que atingiu as meias finais do Europeu de Sub19.
- Outra geração intermédia que também vai dando os primeiros passos na primeira liga e na Selecção A, onde se destacam André Silva, Tomás Podstawski, Chico Ramos, Ivo Rodrigues, Rafa Soares, Gelson Martins, Rony Lopes, Gonçalo Guedes e André Moreira que atingiram a final do Europeu de Sub19 e foram aos quartos de final do mundial de sub20.
- E uma geração mais nova que já começa a aparecer nos sub21 de onde se destacam Ruben Neves, Renato Sanches, João Carvalho, Alexandre Silva, Yuri Ribeiro e Pedro Rodrigues que foram às meias finais dos europeus de sub17 e sub19.

São resultados consistentemente bons e que já começaram a chegar à Selecção A, dando-nos o nosso primeiro título de sempre. E Rui Jorge ainda não apanhou uma geração que ganhou recentemente o Europeu de Sub 17. E até poderíamos falar das competições internacionais de clubes como a Youth League (e a anterior NextGen) para equipas sub19, em que o  Benfica chegou à final em 2014, havendo sempre equipas portuguesas nos quartos de final da competição. Os próprios desempenhos das equipas B's são um sintoma do aumento da qualidade, sendo que os desempenhos do FCPorto no ano passado com o titulo e dois anos antes com o segundo lugar se destacam. Mas Sporting e Benfica também têm estado constantemente nos lugares cimeiros, havendo um ano em que os três grandes, versão B, ficaram entre as seis primeiras posições. A Equipas B introduziram um espaço de maior competição para os escalões de sub 21 e sub20 que em muito melhoram a qualidade de que dispõe Rui Jorge.

Considero Rui Jorge um treinador com bastantes qualidades e, talvez por isso, é que as suas opções não me sejam tão indiferentes como as dos seus antecessores. Admito que um treinador fraco não convoque os melhores e que se perca em birras e em politiquices. Não o admito a Rui Jorge, porque o tenho noutro patamar. Depois de muito divagar cheguei ao meu ponto: os proscritos por causa dos jogos olímpicos. Há vários, mas vou destacar o que gosto mais que é Rafa Soares. É um jogador que aprecio bastante e tinha por certo que chegaria à nossa equipa principal, antes mesmo de André Silva. Antes dos jogos olímpicos, era totalista de um percurso imaculado da Selecção, com uma assistência e com participação activa em, pelo menos, cinco golos. O problema é que a convocatória para os jogos olímpicos saiu no dia seguinte à sua cedência ao Rio Ave. Como o Rio Ave estava prestes a competir para aceder à Liga Europa e como o FCPorto tinha todo interesse que o jogador participasse na competição, não se permitiu que ele fosse ao Rio de Janeiro. Esta foi uma decisão de última hora que causou mais um transtorno à difícil tarefa do seleccionador. Mas, mesmo que Rafa tenha dito a Rui Jorge que queria ir, não tem culpa desta mudança tardia. A culpa é dos clubes que atrasaram a negociação. Se assim é, porque é que Rafa não voltou a ser convocado por Rui Jorge? Recordo que era totalista da selecção até aí, e é totalista no Rio Ave (não jogou contra o FCPorto por não ser permitido). Acrescento que as convocatórias estão cheias de jogadores, cujos clubes não autorizaram a sua participação nos jogos olímpicos. Dou os exemplos de Ruben Neves, de Gelson, ou de André Horta. Escolhi jogadores dos três grandes para que fique claro que não vejo nisto uma perseguição clubística. Temos de exigir que sejam convocados os melhores e, neste caso estamos a convocar um suplente do Moreirense, um jogador que ainda roda no Benfica B e outro do Braga B que é uma recente adaptação à posição. É inexplicável e os resultados estão à vista: em quatro jogos, dois empates e quatro golos sofridos quando, até aí, só tínhamos vitórias e mantínhamos a baliza inviolável.

Na ausência de explicações de Rui Jorge, sou obrigado a concluir que a não convocação de Rafa Soares é um capricho 'à Scolari', que prejudica a Selecção, que nos poderá custar jogos e eventualmente títulos.

PS: Não faço artigo sobre as contas mas recomendo o do Tribunal do Dragão, que tem a qualidade e o conteúdo a que já nos habituou nesta área. Dá que pensar...

Comentários

vidente mor disse…
rui jorge nao e treinador em parte nenhuma a nao ser para a fpf e porque vem de tras. Nao passa de um p bento ainda pior onde so jogam os amigos e afilhados. Rui jorge nunca olhou para jota, gerson, guedes, cancelo era suplente de esgaio quando e muito superior, por exemplo medeiros com r jorge joga sempre. RUI JORGE NUNCA GANHARA NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, e medroso e merdoso. Em relaçao as ultimas convocatorias os jogos eram a feijoes e para experiencias, logo nesse particular temos de dar o beneficio da duvida, quanto a rafa esta no r ave um bom clube e tem a oportunidade de mostrar a sua categoria.
prata disse…
Atenção que dos quatro jogos, só os últimos foram a feijões. Nos dois primeiros a qualificação era muito provavel mas não estava garantida. Ou seja, Se era para poupar, fazia sentido apenas nesta última convocatória.
Lamas disse…
Espero que Rui Jorge acompanhe o Basculação... ;)
E o Rafa Soares também deve esperar que ele acompanhe... ;)