Tranquilo



Após o último jogo que tivemos no Dragão enaltecemos aqui o facto de ter sido um jogo tranquilo, algo raro nos últimos tempos. Depois de mais dois jogos pródigos em calafrios, na sexta-feira voltámos a ter um jogo descansado, longe do Dragão. Nada daqueles resultados curtos em que temos de aguentar o chuveirinho e as faltas à volta da área nos minutos finais, como nas Aves e nos Açores. Nada daqueles thrillers em que o golo tarda em chegar, como no Bessa, agora no Leixões ou até em Alvalade. Controlámos o jogo cedo e até marcar. Depois do golo, continuamos no comando das operações até ao final. Houve ali um golo sofrido num lance muito rigoroso e num movimento algo parvo do Pepe, mas foi mesmo muito tranquilo.

Passemos então aos motivos para esta tranquilidade. Eu tendo a achar que foi o onze. Este pode mesmo ser o melhor onze possível do FCPorto, com este plantel. Pode ser, mas não tenho a certeza. Este onze garante, desde logo, uma segurança defensiva invulgar no nosso campeonato, mantendo um poderoso controlo aéreo (especialidade de Felipe), um excelente controlo de profundidade (especialidade de Pepe), e dois laterais com grandes noções de posicionamento defensivo e com passada larga na chegada ao ataque. Todos eles com excelentes níveis de agressividade, motivação, confiança e até experiência, que começa também na baliza. No ataque temos os dois alas mágicos, que tanto podem juntar-se aos médios na organização, como arrancar para a linha ou para a área em drible. Temos também dois avançados que se complementam e que raramente pisam os mesmos terrenos. Em conjunto já levam quase 30 golos em todas as competições. Sobra a zona do terreno em que tenho mais dúvidas. No meio campo, Conceição elogiou muito a exibição dos dois médios e eu acho que foi muito justo. É por aqui que se decide se efetivamente controlamos os jogos ou se os deixamos entregue ao nosso talento individual, seja no ataque ou na defesa. Tendo a achar que um meio campo a dois funciona melhor com Oliver e Herrera. Por um motivo: é mais fácil variar o nosso jogo, tornando-o mais imprevisível, porque são jogadores muito diferentes que pisam alternadamente terrenos semelhantes. Mas poderão contestar que Danilo garante maior solidez defensiva e que tem vindo a aumentar muito o seu raio de acção. Tendo a concordar. Assim, qual será a nossa melhor versão do meio campo? Depende. Acho que as três versões possíveis, que estes três jogadores nos dão, são boas. Isto apesar de preferir claramente as duas em que temos Oliver. A questão é que Conceição tende a privilegiar a segurança defensiva, até porque efrenta muitas vezes linhas médias com 3 ou mais elementos. Mas será que a segurança defensiva é uma preocupação tão grande, agora que temos Pepe? Será que a chegada deste jogador vai dar um novo fôlego a Oliver na equipa? Aguardemos pelos próximos capítulos...

Individualmente, dou o MVP a Soares. Parece óbvio pelo seu hat trick. Mas senti-me tentado a pôr nesta discussão Oliver e Herrera, que fizeram grandes exibições e que permitiram até que Conceição poupasse os extremos  e um central, na segunda parte. As restantes exibições foram boas ou muito boas. Há ali pequenos erros, como o de Pepe no penalti, mas coisas sem grande influência. Não gostei do facto de se ter roubado o golo a Fernando Andrade. Aquilo é um auto-golo? Porquê? Eu ainda não vi nada de especial nos minutos que foi fazendo pelo FCPorto, mas este golo daria confiança. Sinceramente, não percebo.

Segue-se a Taça da da Liga. Tal como aconteceu no ano passado, as prioridades nesta competição mudam quando nos aparece um grande pela frente, ainda por cima numa fase final. Dado o estado actual das duas equipas, permitam-me prever, desde já, que uma delas vai tentar fazer tudo para ganhar nos 90 minutos e outra vai, a partir de certa altura, esperar pelos penáltis. Um pouco como o que aconteceu no ano passado com o Sporting de Jesus.

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