Quinze
Já passou algum e tempo e o jogo até foi antes do Natal, mas faltava registar aqui a crónica da décima quinta vitória consecutiva. A tendência continua... A cada jogo que passa, o feito fica mais épico, mas os resultados têm sido cada vez mais apertados. E os sinais de cansaço começam a ser demasiado evidentes.
Mas comecemos pelo melhor do jogo: grande ambiente no Dragão! O jogo às 15 horas não trouxe muito mais gente, visto que este FCPorto de Conceição chama sempre muita gente ao estádio. Mas trouxe mais famílias, mais crianças e um ambiente que gostaria de ver repetido tantas vezes quanto possível. E este é um alerta que deixo. Conceição tem vindo a queixar-se da marcação dos jogos e que esta aperta ainda mais o calendário. Por coincidência, o jogo de Domingo foi o primeiro jogo àquela hora em largos anos anos e foi antes do jogo do Benfica, algo que também não acontecia há largas jornadas. Não vejam aqui uma teoria da conspiração. Simplesmente um dos nossos concorrentes diretos tem maior poder na marcação dos seus jogos em casa, porque não está limitado ao operador que transmite os jogos. Por muitos milhões que se receba do contrato com a MEO ou Altice, nós só vendemos direitos e a Sport tv faz o que quer com eles. Isto não pode continuar. E o pior é que os tipos da Uefa fazem igual com os direitos deles. Vendem à eleven sports e os tipos que se arranjem. Entrando no domínio do romantismo, tanto na Uefa como cá, não há a mínima preocupação com os adeptos. Isso vê-se na hora dos jogos e vê-se nas transmissões manhosas e com delay da eleven sports. Tudo isto por causa de conceitos publicitários e de audiência que até podem estar ultrapassados. Será que temos mais gente a ver os jogos se eles forem transmitidos domingo à noite ou às 15h? Será que vai haver mais gente a ver um Moreirense-Tondela se só estiver a ser transmitido esse jogo? Temos tanta vontade de seguir o exemplo inglês numas coisas e noutras... Enfim, fica o desabafo...
Vamos ao jogo. Mais uma vez começámos a perder. Tal não implica que tenhamos começado mal. Entrámos bem no jogo e o golo surge de um erro de Corona, muito bem aproveitado pelo Rio Ave. Mas estávamos bem no jogo e isso notou-se porque a reacção seguiu o mesmo tom que vinha seguindo até então. Sem Oliver os extremos colocaram-se muito por dentro para povoar o miolo e foi aí que surgiram os golos. No primeiro, Brahimi recebe no meio e dribla pelo meios dos adversários até ao passe de ruptura e no segundo Marega aproveita o espaço que Corona deixou na ala para romper até ao golo. Como já referi, o próprio golo do Rio Ave surgiu do posicionamento interior e das tarefas organizativas atribuídas a Corona. Até ao intervalo o jogo foi seguindo sob controlo com oportunidades regulares e alguma ineficácia que fez com que o resultado se mantivesse com uma vantagem mínima. Não estávamos a contar que essa vantagem mínima se mantivesse até ao final. E deu para sofrer um pouco. Não que o Rio Ave tivesse sido muito perigoso. O problema é que, mais uma vez, tivemos dificuldade em ter bola, o que fez com que o Rio Ave tivesse muita bola nesse período. E disto resulta um ciclo vicioso: a equipa cai de rendimento porque está cansada e passa a ter menos bola. O adversário sobe no terreno e na moral, por ter mais bola no Dragão. Em resultado, a equipa fica ainda mais cansada porque se corre mais sem bola do que com ela, e assim sucessivamente. Conceição reagiu tarde a esta tendência e Oliver entrou quando o jogo já estava a pender para o Rio Ave e quando a maior parte dos colegas já estava de rastos. Ainda assim notou-se qualquer coisa e espero que sirva de lição. Neste momento, só existe no plantel uma opção de meio campo que nos garante maior controlo sobre o jogo e sobre a posse de bola. Perante o cansaço e o acumular de jogos, a tendência do treinador é para lançar jogadores mais robustos. Mas será que melhorámos? Nos jogos em que Oliver foi substituído mais cedo, melhorámos em algum aspecto relevante do jogo? Tivemos mais oportunidades, mais posse, mais duelos ganhos? Avancámos ou recuámos no terreno? Sérgio Conceição tem de escolher de uma vez por todas: ou opta por uma solução estrutural com Oliver ao leme da equipa ou opta por uma solução conjuntural e paliativa de ir refrescando a equipa com jogadores mais fortes fisicamente, à medida que se vai notando desgaste. Começo a duvidar cada vez mais que Conceição tenha percebido os efeitos da entrada de Oliver no onze e que esteve na génese desta série de 15 vitórias! Até me parece incrível que esteja a duvidar da própria solução que implementou. Oliver e Brahimi são os únicos jogadores que conseguem temperar este futebol de ímpeto de Conceição. No ano passado Brahimi conseguiu carregar nos ombros essa responsabilidade. Este ano não estava a conseguir e temo que volte a acontecer, se não se regressar ao esquema que nos pôs nesta dinâmica de vitória. Já sei que há sempre malta que julga que não se pode levantar problemas ou dúvidas quando estamos a ganhar. É um erro! É uma óptima altura para questionar o que está mal e prever o que de mau pode acontecer em consequência. É uma óptima altura para implementar os ajustes que tornam a equipa mais forte.
Individualmente, torna-se difícil escolher um MVP, porque a segunda parte cinzenta da equipa fez com que a qualidade das exibições baixasse a pique. Na dúvida dou sempre o MVP ao maior artista, Brahimi. Mas Marega também seria um bom candidato. Pela negativa poderia falar de Corona que teve o azar de fazer um erro que resultou em golo sofrido. Felipe fez dois passes igualmente horríveis e nenhum resultou em grandes apuros. Às vezes é uma questão de sorte... Adorei a garra de Maxi até ao final e continuo muito preocupado com a fomra física de Alex Telles. Até Danilo pareceu que estava limitado pela lesão que o afligiu durante a semana.
A série continua, mas os resultados continuam a sair bastante apertados. Dá a ideia que 50% da eficácia do Benfica no último jogo e do Sporting nos três ou quatro anteriores, nos daria o resultado gordo que precisamos neste momento. Estou mesmo convencido que uma goleada poderia estender esta série até Alvalade. E dava jeito que fosse já no Jamor!
Comentários
O MVP para mim foi o Herrera (nunca pensei dizer isto mas o homem é muito importante mesmo), já que foi ele que mais pressionou os adversários. Tivemos muitos lances de deixar os médios do Rio Ave pensar o jogo (principalmente o oxigenado) sem pressão que permitiu algumas jogadas de perigo.