Onze
A série continua! Esse será talvez o facto mais relevante do jogo da passada sexta-feira. Ainda por cima, as características do jogo na Turquia tornam mais provável que a série fique por aqui. Não existe a obrigação de ganhar e Conceição deverá dar minutos a jogadores menos utilizados, minutos que serão preciosos na sua gestão do plantel. Já sei que há aquela malta que fala do dinheiro e os que insistem naquela frase feita que insiste que «em todos os jogos, é para ganhar»! A lógica de Conceição é a médio prazo e ele precisa de um plantel saudável e competitivo para atacar o resto da época. Isso já se notou na convocatória e eu concordo.
A exibição voltou a não ser famosa... Mas voltámos a ter muitas oportunidades para marcar e fomos ligeiramente mais eficazes do que no Bessa. Começámos muito mal! Fez lembrar, um pouco, a entrada em campo com o Schlake04 no Dragão. A diferença é que me parece que o Portimonense tem jogadores mais talentosos na frente e um futebol muito mais atrevido. Com o golo sofrido e outros sustos que se seguiram, a equipa acordou e passou a ser mais intensa. Não passou a jogar bem. Mas bastou esse acréscimo de intensidade para que passasse a controlar as operações e para que as oportunidades de golo se sucedessem. Ao intervalo, o resultado já era escasso para o que o FCPorto criou e, depois do intervalo, chegámos à goleada com naturalidade e podiam ter sido mais.
A propósito desta nossa reacção ao golo sofrido, quem me lê com frequência já adivinha que vou ter de falar da substituição de Oliver. Também é fácil de adivinhar que não gostei nada da substituição. Comecemos pelos motivos técnicos que se aplicariam à substituição de qualquer jogador nestas circunstâncias. Faltavam 5 minutos para o intervalo e estávamos empatados. Ou seja, a mudança não era urgente nem pelo resultado, nem faz grande sentido gastar uma substituição assim. Ou se faz aos 30 minutos, para tentar mudar algo até ao intervalo, ou mudámos no intervalo e podemos planear toda a segunda parte com todo o grupo. Além disso, a equipa estava a crescer nesses últimos 15 minutos da primeira parte. Foram várias as jogadas em que estávamos a meter jogadores da cara do redes contrário e, defensivamente, o Portimonense já não estava a criar perigo. Ainda por cima foi troca por troca. Assim, tal como seria de esperar, não se notou grandes alterações no nosso jogo. Herrera teve apenas tempo de falhar um passe e recuperar umas bolas, semelhante Oliver vinha fazendo e o faria se estivesse em campo. Até aqui, julgo que todos poderão concordar que esta substituição foi um absurdo. A partir de agora vem a parte em que muitos poderão discordar. Para mim, esta substituição, naquele momento, é assustadora porque me deixa a ponderar se Conceição percebeu mesmo o que aconteceu à equipa desde que Oliver entrou no onze... Será que é daqueles que acha que Oliver evoluiu muito em termos de agressividade ou será que ele é daqueles que acha que Oliver joga sempre da mesma maneira e que foi por isso que o sistema geral evoluiu? Fico na dúvida. O resto não me assusta. O jogo era no Dragão, Herrera é um bom jogador e a equipa não se ressentiu neste jogo. Também não me aprece que tenha ficado melhor... Poderia preocupar-me o facto de Oliver poder perder um pouco de confiança, mas parece-me que ele não é desses. Preocupa-me é a conceção de jogo. Será que Oliver entrou na equipa porque Sérgio queria que o sistema evoluísse ou porque Herrera não podia jogar, por lesão ou quebra de rendimento? Isso já me tira o sono...
Individualmente dou o MVP a Brahimi. Um dos motivos que tornou inócua a substituição de Oliver, foi o facto de Brahimi ter assumido neste jogo quase todas as nossas despesas ofensivas. Já não fazia uma exibição destas há algum tempo. Tal facto só valoriza a série que a equipa vem fazendo e o impacto que Oliver tem tido na equipa. É especulação minha, mas arrisco que o FCPorto do ano passado não teria passado bem, com o Brahimi que vimos nos últimos jogos... Marega seria também uma escolha óbvia para MVP. Tem vindo a crescer nos últimos jogos mas pareceu que falhou o hat trick por fadiga. Talvez fosse boa ideia fazê-lo descansar na Champions. De resto, destaco apenas Danilo. Grande jogada no terceiro golo a coroar uma exibição bem acima da média. As restantes exibições foram apenas regulares e oscilaram com a equipa. No início estiveram mal e no final recuperaram. Destaque apenas para Alex Telles e Felipe. O primeiro tem uma abordagem péssima no golo sofrido. Quem não se lembra, não vá rever... Muito feio! Felipe inventou a polémica neste jogo. Já sabíamos que há clubes que estão especialmente atentos a tudo o que se passa nos nossos jogos em termos de arbitragem. Pois Felipe conseguiu, na mesma jogada, entregar a bola ao jogador mais perigoso do adversário e ainda lhe deu um toquezinho na área. Eu não sei se o toque é suficiente para penálti. O que sei é que é suficiente para alimentar a estratégia desesperada do Benfica.
A esse propósito, não deixa de ser muito engraçado comparar as análises que se fazem a estes dois lances dos últimos dois jogos e as que se fizeram no ano passado e no ano anterior, quando éramos nós a reclamar penáltis e prejuízos sucessivos. É giro perceber o que agora são as certezas inequívocas. Eu achava exagerado quando reclamámos às dezenas de penáltis nas duas épocas anteriores. Não que achasse que não eram penáltis. Apenas porque sabia que, nestes casos, o exagero dos números acaba por ser contraproducente e mais fácil de atacar pelo gozo. No entanto, se os critérios que se estão a utilizar agora tivessem sido os nossos, a lista seria muito maior... Conceição terá de estar atento, porque vêm aí arbitragens assassinas. Teremos de estar bem melhor do que o que estivemos nestes últimos dois jogos!
Nota adicional para Jackson Martinez. Foi bonita a homenagem do Dragão.
Apenas não gostei das sensações de nostalgia que me atacam quando o vejo
jogar. Vêm-me ideias como: «este gajo, coxo, tem muito mais classe
qualquer dos nossos avançados» ou «o que seria o FCPorto de Conceição
com um avançado destes»... Muita sorte, campeão!
Na Champions teremos um jogo em que tolero que se esteja a pensar já no jogo seguinte nos Açores. Esse é o jogo que interessa nesta semana visto que esta série de vitórias foi saborosa, mas ainda não nos deu uma vantagem confortável no campeonato! Que jogue o miúdo Diogo Leite!
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