Sete pecados capitais do FCPorto 2013/2014 – O piloto automático
Começo hoje uma serie de sete artigos com aqueles que, na
minha pouco humilde opinião e com os dados que tenho, considero terem sido os
grandes erros que levaram à nossa má época. Má, catastrófica, o que lhe queiram
chamar. São sete por causa das referências históricas, religiosas e sobretudo numa referência ao
fantástico filme de David Fincher. Poderiam ser cinco resumidos ou trinta,
detalhados ponto por ponto.
Passo a listar os pecados: 1) o piloto automático; 2) o
modelo; 3) a pressão; 4) o defeso; 5) ‘Luchúria’; 6) o interino; 7) o processo.
Vamos ao primeiro: o piloto automático.
À medida que os títulos se acumulam vamos acrescentando ao
endeusamento e ao culto de personalidade do Presidente Pinto da Costa.
Merecido! É sempre fácil, perante a dúvida sobre as suas decisões, fazermos um
exercício de reconhecimento do acumular de méritos passados. Exemplo: isto parece arriscado mas ele costuma ter o 'toque de midas'... Isso torna-nos
acríticos e, para cabeças pensantes, torna-se frustrante. Mas há esta ideia reinante de que a estrutura
se sobrepõe à orientação técnica. É como se assumíssemos que qualquer um
conseguia ser campeão neste FCPorto. Ouvi muitas vezes: até Vitor Pereira
consegue ser campeão… É a ideia de que o treinador não deve inventar muito,
uma espécie de piloto automático… Errado! Provou-se este ano que não é qualquer
um que pega nesta equipa e não podemos ser sempre o laboratório de estágio para
treinadores em ascensão. Sabemos agora que, depois do risco na escolha de
Villas-Boas e de Vitor Pereira, fazia sentido outro tipo de perfil. Agora ainda
mais.
Todos desconfiamos que o processo de escolha de Paulo
Fonseca não terá sido fácil. São até convenientes as várias histórias que se
contam, agora que se sabemos os resultados. Fala-se de pré-acordos não
cumpridos pelo FCPorto com Leonardo Jardim, de novo assédio a Jorge Jesus, e da
existência por fim de duas alternativas preteridas: uma brasileira e outra com
um perfil semelhante ao de Paulo Fonseca e é que até um treinador que continua na
moda. Interesso-me mais pela estratégia que se escolheu naquela altura: pela
terceira vez consecutiva o risco. E julgo que se sobrevalorizou o poder da
estrutura e, já agora, o impacto da qualidade do plantel nos dois títulos
anteriores.
Sabemos agora que o esquema de posse de bola desenvolvido ao
limite por Vitor Pereira protegia a defesa das trapalhadas que vimos este ano.
Marcávamos menos golos mas controlávamos os ímpetos dos adversários de forma a
não os sofrer. Não vou na onda dos que dizem que os campeonatos foram perdidos
por terceiro. É falacioso. Goste-se ou não, e eu confesso que não gosto, havia
qualidade, noção do plantel e ideias próprias na equipa técnica.
A escolha de Paulo Fonseca falhou em toda a linha. O
Presidente arriscou pela terceira vez e não só não conseguiu um treinador que
levasse a equipa ao Tetra, como não conseguiu sequer evitar o seu despedimento.
Tornou-se demasiado claro que não havia um único jogador que mostrasse melhor
rendimento do que em anos anteriores e que os reforços tardavam em mostrar
qualidade. Sentia-se que isso era fruto de uma grande intranquilidade e de
falta de confiança. Mais que os triângulos e os 4-3-3’s, esse é sempre o
sintoma de que há que mudar.
Esperemos que este ano se valorize mais a liderança técnica
da equipa.
PS: Este texto foi escrito antes da escolha de Lopetegui.
Comentários
Do timming de apresentação deste ano não há nada a dizer...
Basta olhar para o AT.Madrid destas ultimas épocas para se perceber que não é só ter grandes nomes que custam milhões,mas sim ter uma verdadeira equipa com uma liderança forte.espero que o novo treinador consiga trazer isso,porque nós também já tivemos equipas assim e por isso chegamos aonde muitos nem sonhavam, e esta época que terminou tal como muito bem refere ligou-se o "piloto automático" não houve lider ,nem equipa .pensou-se que o rival por ter tudo perdido e ter começado mal ia implodir.
Saudações Portistas
Paulo Almeida