Sete pecados capitais do FCPorto 2013/2014 – A pressão
Não quis abordar grandes questões técnicas e tácticas no post relativo à escolha de Paulo Fonseca. Nesse contexto queria dar alguma
ênfase no risco da escolha e não uma avaliação ao trabalho que fez. No entanto,
houve um grande retrocesso na nossa forma de jogar que considero inexplicável
e que se verificou ao nível da pressão que aplicámos aos nossos adversários na
conquista da bola.
Fala-se muito em jogar à FCPorto. Os adversários até vêm com
os exemplos que lhes convém como o Bruno Alves, o Paulinho, etc., querendo
sobrepôr a violência à agressividade positiva. Eu confesso que começo a tremer
quando percebo que o FCPorto não pressiona convenientemente o adversário.
Quando não tenta forçar o erro do adversário de uma forma consistente. É logo
um sinal de alguma sobranceria, que não me agrada. É tão mais cómodo correr com
a bola do que sem ela… É óbvio que temos melhor equipa do que a maior parte dos
adversários que defrontamos, mas temos que o provar constantemente. Quando não
queremos recuperar a bola rapidamente e em zonas perigosas é logo sinal de que
não estamos com aquela vontade de vencer que nos é habitual. E vi muito disso
este ano. É também o principal factor que contribuiu para a bipolaridade
exibicional que demonstrámos dentro do próprio jogo.
Por si só, o tempo para pensar que damos aos nossos
adversários é nocivo e perigoso. Pode ter a ver com factores anímicos e
motivacionais e isso bastaria para termos problemas. Mas houve adicionalmente
erros tácticos que potenciaram o fenómeno. Leigo que sou, passarei a explicar o
meu ponto de vista. A tão falada utilização do duplo pivot e do Lucho a 10, foi
muito discutida em termos de desenho ofensivo, mas eu acho que o problema não
se punha tanto aí. O problema era a
distância entre a linha que pressionava a saída do adversário e a que protegia
a nossa defesa. Duas linhas quase completamente alheadas uma da outra. Dito
assim até parece irreal, mas isto aconteceu muitas vezes e foi dos fenómenos
que mais contribuíram para as trapalhadas defensivas que se foram repetindo em
jogadores habitualmente serenos e ‘certinhos’. Em suma, ultrapassada a primeira
linha tínhamos problemas. Perguntarão se o Paulo não via isto? Viu e, como
muitos adeptos, achou que o problema era dos jogadores e não do desenho.
Quantas vezes vimos Jackson a desgastar-se a correr atrás da bola pressionando
sozinho os dois defesas centrais adversários? Tem lógica? E depois ainda se
queixam de ele falhar golos. Defensivamente trabalha muito mas este ano
trabalhou mal e por culpa da orientação técnica.
Aceitarei sempre que um treinador desenvolva a equipa de
acordo com as suas ideias e de acordo com o que ele acha que são as
potencialidades e limitações do plantel. Independentemente disso, não aceito
que os adversários pressionem mais do que nós. Que nos forcem mais erros que
aqueles que nós provocamos neles. O novo treinador terá de começar por aí o seu
trabalho de pré-época. Há que readquirir práticas de recuperação rápida e
eficaz da bola.
Comentários