Primeira volta
Sobram interrogações perante o desempenho deste FCPorto, versão Paulo Fonseca. É certo que em termos classificativos nos mantemos com os adversários à vista e nem me parece que Sporting e Benfica sejam equipas capazes de assustar. Mas aqui cometo muitas vezes o erro de comparar estas equipas com o meu conceito de normalidade no FCPorto. O raciocínio é o seguinte: perante estes adversários, um FCPorto regular ganha o campeonato. Mas este FCPorto tem sido tudo menos normal ou regular. E como tal, não é certo que possamos aproveitar factores como a fanfarronice geral lampiónica e os delírios tácticos de Jesus, por um lado, e a calimerice e ingenuidade competiva dos vasquinhos. A verdade é que me parece justo que não estejamos em primeiro lugar no final da primeira volta. Não temos produzido o mínimo para que tal aconteça, pelo que é de aceitar a classificação actual e devemos, desde já, preparar uma nova abordagem competitiva à segunda volta com ou sem Paulo Fonseca, com ou sem reforços adicionais.
Para mim, com o final da primeira volta acabou o benefício da dúvida para Paulo Fonseca. Ou as coisas melhoram ou tem de estar em causa a sua continuidade, nomeadamente no final da época que é quando, normalmente, temos estas decisões. Perder faz parte do desporto e temos de o fazer com desportivismo, por muito que tenhamos dificuldade em aceitar. Mas no FCPorto não se aceita que as derrotas surjam porque os adversários directos apresentam mais organização e, a parte que e mais me custa, quando apresentam maior intensidade de jogo e maior vontade de vencer. Em Janeiro tivemos já dois exemplos. Isso não aceito e responsabilizo Paulo Fonseca como responsabilizei Vitor Pereira. Para mim o ponto de ruptura com Vitor Pereira foi exactamente quando me apercebi que a equipa dele apresentava este mesmo problema. E ele até apresentou melhores resultados nos clássicos... Mas, a partir daí, nunca mais consegui olhar para para ele como treinador capaz de apresentar um FCPorto condizente com as nossas exigências. Temo que tenha acontecido o mesmo com Paulo Fonseca e é até difícil de perceber que tenha esperado mais tempo com Paulo Fonseca do que com Vitor Pereira. Os resultados são semelhante ou até piores...
Feita uma apreciação breve sobre a primeira volta, vamos ao jogo de ontem. Já sei que se vai falar de banho de bola e outras coisas que tal. Não vi isso e nem temo que seja acusado de clubismo perante esta minha análise. Vi duas equipas com recursos muito pobres em termos de construção ofensiva, e vi que perdemos claramente em dois factores fundamentais: eficácia e agressividade. Eficácia porque sofremos dois golos em três ou quatro oportunidades que concedemos. Após o segundo golo sofrido e a expulsão é normal que haja mais oportunidades mas julgo que, mesmo assim, não ficamos a perder. Há duas de Jackson na primeira parte, há o livre de Carlos Eduardo e, no lance da expulsão, Danilo está isolado apesar de nem chegar a rematar. Com isto quero dizer que, se tivéssemos a eficácia do adversário, também marcávamos facilmente dois golos. Portanto, em produção ofensiva tivemos duas exibições pobres. Mas a eficácia pode oscilar (mas não deve...). O que me preocupa é a agressividade, a intensidade, a vontade de vencer. Aí sim fomos goleados! Não posso aceitar isso! Apenas emergimos no jogo em duas ocasiões: no final da primeira parte perante o surgimento no jogo de Fernando e depois do segundo golo quando partimos em busca do prejuízo. Tudo o resto foi um FCPorto sem soluções perante um adversário que esperou cautesolamente e proveitosamente pelo nosso erro e fê-lo mesmo antes do primeiro golo.
Individualmente, não gostei de ninguém apesar de reconhecer mérito na luta dada por Jackson, 'sozinho contra o mundo' e de Fernando que nestes jogos é quase sempre o nosso MVP. Não gostei mesmo nada das exibições de Helton, Otamendi, Mangala, Danilo e Varela. Lucho pouco se viu e Carlos Eduardo está a acusar a pressão dos rótulos exagerados... O cigano pouco contou mas nota-se que ganhamos em competitividade com a sua entrada e a de Josué. Portismo é uma característica que aprecio bastante nestes jogos e não vi isso nos outros que por lá andaram.
Posto isto, vamos ao pior: a arbitragem. Perdemos por causa do árbitro? Não sei. É difícil concluir isso, mas fomos mais prejudicados em termos de resultado. Há imensas decisões más, incluindo duas péssimas que nos beneficiam. Mas custa fazer essa contabilidade sem perceber que não lucrámos nada desse benefício. Jackson falhou incrivelmente um lance em que estava em fora-de-jogo claro e Mangala, ainda a pensar no penalti escandaloso que cometeu, deixou o adversário marcar no lance seguinte. Tivesse havido penalti e não teria havido o canto que dá golo. Já no nosso caso temos a interrupção de um lance de golo, com violação clara da lei da vantagem, além de dois penaltis iguais cometidos por Garay de ombro nas costas dos nossos jogadores. Ainda por cima o conjunto de dois desses lances expulsa um dos nossos jogadores. Isto além de um critério disciplinar gritante que chegou a permitir "tesouras por trás" sem amarelo. Ora perdemos por apenas por dois... Se há três lances de golo que nos são negados pela arbitragem, não podemos culpar apenas Paulo Fonseca e os jogadores pelo resultado! O nosso nível de exigência, por vezes faz com que nos esqueçamos de fazer análises deste tipo. Paulo Fonseca está por um fio na paciência dos portistas, mas ontem o adversário jogava em casa com uma motivação elevada e não apresentou argumentos que me convençam que são melhores que este problemático FCPorto de Paulo Fonseca. Com uma arbitragem sem erros (se é que isso é possível) talvez pudéssemos ter saídos ilesos de uma exibição pobre como a que apresentamos. Convém não esquecer isso até porque já sabemos que, se fosse ao contrário, teríamos histeria, talhos vandalizados e reuniões com o ministro da tutela...
Haja serenidade na análise da primeira volta. Nada está perdido, mas há medidas a tomar!
Comentários
Quanto ao jogo vou em linha de conta com o que o Prata disse... eles respeitaram-nos, jogaram no erro, mesmo antes do golo deles que, por acaso surgiu bastante cedo, e depois o jogo ganhou os contornos ideais para eles jogarem no contra-ataque e ainda por cima foram eficazes... custa-me admitir, mas tiveram alguma maturidade na forma realista como encaram o jogo...
Também concordo no "mais nervo" que os jogadores deviam ter, algo que o Josué e o Quaresma trouxeram ao jogo posteriormente...
Prata, já que vamos nas comparações entre VP e PF, tenho duas formas de as fazer:
A comparação mais simples diz-nos que em 60 jogos de campeonato VP perdeu um jogo contra o Bruno Paixão, enquanto que o PF, num quarto desses jogos já perdeu o dobro, com a agravante da arbitragem não ter sido a razão principal dessas 2 derrotas!
Numa outra comparação mais elaborada podemos expor mais alguns pormenores:
VP em 2 anos teve 3 grandes handicaps e zero bonus:
- inicio da primeira época com meio plantel amotinado
- nesse mesmo inicio de época perde Falcao sem ter substituto à altura
- inicio da segunda época perde Hulk, mais uma vez sem ter um substituto à altura.
PF em meia época teve 1 grande handicap e 2 bonus:
- Nunca teve Moutinho (grande handicap)
- Teve o plantel mais equilibrado desde a época dourada de AVB (1º bonus)
- Herdou uma equipa montada e organizada de trás sem perder nenhum jogador chave no fecho do mercado (2º bonus)
Quanto ao jogo de domingo, já nem vale a pena um gajo se chatear muito... Já chegamos aquele ponto em que vemos como a equipa entra em campo e sabemos que vai dar merda.
Quando nos nomes dos titulares até parece que o homem não inventou muito - tirando o caso Otamendi, que após erros e mais erros foi finalmente para o banco e como prémio sabe-se lá de quê, regressa à equipa num jogo destes - olha-se para o posicionamento da equipa e lá está o filho da puta do duplo pivot... vemos constantemente Lucho a jogar ao lado e atrás de Fernando (o lance do 1º golo é flagrante - vejam onde estão um e outro e a auto-estrada que fica aberta para o messi dos balcãs ir por ali fora à vontade!), mas depois culpa-se o Danilo - claro, quando a equipa não tem a mínima organização defensiva os erros parecem todos dos defesas, que caralho!
Olhem o Otamendi, que sempre o vi (e não sou o único) como um fraco central e que este ano tem dado baldas atrás de baldas, lembram-se da época passada? Parecia um central de classe mundial! Mas isso era quando tínhamos uma equipa sólida e organizada, quando assim é os erros individuais são escassos!
A construção de jogo é uma miséria, é pontapé para a frente, não se vê o meio campo a ligar 3 ou 4 passes seguidos, os extremos não jogam com os laterais e vice-versa...
Licá no inicio da época já era o novo ninja! Agora não dá uma pra caixa... O Kelvin acabou a época passada como herói, com a moral toda, fez uma pré-época excelente, para quê?? Quando joga mostra que está mais jogador, que é capaz de desequilibrar...mas está guardado para os grandes embates com o Atletico e o Penafiel, isto quando não anda pela B!
Foda-se, como é que alguém explica que estando a perder 2-0, o caralho do treinador nem a 3ª substituição faz!?
Será que não tinha banco? Puta que o pariu - vejam o banco que tivemos a época passada neste mesmo jogo de campeonato:
http://www.reflexaoportista.pt/2014/01/um-plantel-fraquinho.html
MY FRIEND. I TALKE ABOUT WHAT I WANT!
MY WORDS COME THROUGH MY HEART!
I SPEAK WITH THE TRUE!
Mas agora já passou... venham os proximos capitulos...
Abraço