Mais um treino



Neste início de ano tivemos já oportunidade de assistir a três treinos. Não é normal no futebol moderno onde impera 'o treino à porta fechada' para evitar os espiões e para que os jornalistas desportivos tenham de ser criativos para garantirem que há notícias todos os dias.

Desta vez o adversário foi bem mais fácil que os dos dois treinos anteriores pelo que, tal como contra o Olhamenense, se torna difícil distinguir entre o que são méritos nossos e deméritos adversários. Isto porque, de facto o Atlético apresentou-se bastante desastrado, nomeadamente através do seu guarda-redes que estava nervosíssimo. Aliado a esse facto, todos nós mantemos uma constante desconfiança em relação às capacidades deste FCPorto versão 2013/14. É um facto que ainda não apresentámos uma exibição de 'encher o olho', e é um facto que tardamos em apresentar um sistema de jogo claro e que preencha os requisitos mínimos de competitividade que se exigem neste clube. No entanto, ganhámos 6-0 perante uma equipa que veio jogar ao Dragão da mesma forma que todas as outras (portuguesas e não só) vêm jogar: bloco baixo à espera de erros defensivos para marcar ou erros ofensivos para manter o empate. Sendo assim até nem foi um mau teste à capacidade de construção de jogo ofensivo com uma equipa com várias 'segundas linhas'.

Pessoalmente, preocupei-me em ver dois jogadores. Comecemos pela posição que mais tem afligido os Portistas desde que Carlos Eduardo entrou na equipa: Licá. O problema é claro e reconhecido por Paulo Fonseca, caso contrário, não se estaria a fazer a arriscadíssima contratação de Quaresma. Ainda assim, muitos como eu, ainda se lembram que Kelvin, na pré-época e no topo da sua confiança, fez bons jogos e foi até uma surpresa a titularidade de Licá na Supertaça. Perante as consecutivas exibições cinzentas de Licá exigia-se pelo menos uma aposta mais consistente em Kelvin. Não que ele tenha deslumbrado ontem. Mas Kelvin é irreverência numa equipa que insiste em jogar pelo seguro. É desequilíbrio, é individualismo, é imprevisibilidade. Se procurámos isso no jogador que contratámos no mercado de inverno, porque é que, por exemplo no terrível mês de Novembro, não tivemos a necessidade de o procurar dentro do plantel? Para mim não faz qualquer sentido. Outra posição onde temos aflições é a de Fernando. Apesar dos rumores recentes, parece inevitável que Fernando sairá no final do ano 'a custo zero'. Aqui temos um dilema grande. Fernando tem sido dos jogadores com melhor rendimento este ano, apesar da confusão da existência ou não de 'duplo pivot'. Mas vale a pena continuar a valorizar um activo que na próxima época será de outra equipa enquanto desvalorizamos activos que vão ser nossos por muito tempo? Falo de Defour. É um patinho feio porque alguém se convenceu que ele tinha capacidades para jogar a 8. Tem velocidade, está sempre em alta rotação e está cada vez melhor no posicionamento, mas não tem a técnica, o passe nem a inteligência de Moutinho ou Lucho na gestão dos ritmos de jogo.  É mais novo que Fernando e provavelmente vai valorizar-se no Mundial. Já sei que a maioria prefere Fernando porque ele é melhor neste momento. Eu, por mim, apostava em Defour nesta posição e deixava o Fernando com mais tempo para pensar no que fazer ao chorudo prémio de assinatura que vai ter no final da época, ou antes até... 

Quanto aos restantes testes, foram exibições agradáveis. Sobretudo a de Ricardo como lateral direito. Dos habituais destaque para o pé desafinado de Jackson que contrastou com a veia goleadora de Varela.

Na próxima semana, não será drama nenhum dizer que jogamos o campeonato. Ali se decide se passamos a olhar para a retaguarda ou se começa a aflição a que nos habituámos nos últimos dois campeonatos. Prefiro a primeira hipótese, obviamente... Será que vamos ter ambição suficiente para atacá-la? Cheira-me que não, e arrisco já uma equipa com meio-campo reforçado por Defour no lugar de Licá. Espero estar enganado...

Comentários

Lamas disse…
Por mérito ou demérito deles, o que é certo é que o resultado e a exibição agradaram dando para rodar jogadores num misto de primeiras escolhas com segundas escolhas... até o Ghilas entrou com um período de tempo decente para jogar... penso que ainda estavam 3-0... por isso o jogo correu como desejava e tenho de parabenizar quando isso acontece... aparentemente (lá está o mérito ou demérito do adversário) entraram concentrados e focalizados com vontade de resolver o jogo e conseguiram num período relativamente cedo do encontro...

Para domingo não sei o que esperar... nem quero muito palpitar... as expectativas estão baixas, mas a crença está cá sempre... a ver vamos...