Bom alerta


Foi sofrido, mas acredito que o jogo de Domingo acabou por ser exatamente o que precisávamos. Não que ache que estivéssemos a demonstrar alguma soberba ou até algum relaxamento. Apenas acho que é sempre bom recordar que, tal como aconteceu no ano passado, este FCPorto tem de jogar sempre na sua máxima força, com intensidade máxima, durante os 90 minutos. 

Tem a ver sobretudo com limitações de plantel, mas também tem a ver com o modelo de jogo de Sérgio Conceição. A equipa continua a ter muita dificuldade em controlar o jogo em posse e com intensidades mais baixas. E o jogo do Jamor foi um bom exemplo. Entrámos por cima mas sem a intensidade habitual e as primeiras oportunidades surgiram para o Belenenses. Reagimos e logo vieram as nossas oportunidades. De tal forma que chegámos ao 0-2. Mas seguiu-se nova fase mais murcha e acabámos por perder uma vantagem que, para outras equipas grandes, até é segura. Para o FCPorto de Sérgio Conceição não é. Nunca foi e nós já nos habituamos a isso. Perante este nosso habitual descontrolo do jogo, o que acontece normalmente é que em vez de entrar o 1-2 entra o 0-3 e o 0-4... Além disso, não nos queixamos porque a mesma equipa que é capaz de perder uma vantagem confortável, é também capaz de um pressing final que resultou em várias situações de perigo e no golo que deu os 3 pontos.

Haverá solução para isto? Eu acho que há. Mudamos o esquema. Mas isso seria perder o que foi feito até agora. Não mudando o esquema, podemos mudar jogadores que dão coisas diferentes à equipa. Com a recuperação de Danilo, teremos um meio campo mais sólido e menos permeável a momentos em que o jogo se parte. Com Oliver poderemos ter mais qualidade com bola e pausar mais o jogo. Mas, para já, com este meio campo, o nosso jogo vai continuar assim. Sérgio Oliveira não tem a pedalada de Herrera e o nosso capitão não chega para tudo. E o jogo parte-se constantemente.

Terei de abordar a arbitragem já que foi fundamental, quer para reintroduzir o Belenenses no jogo, quer no lance que nos dá a vitória. É unânime entre todos os que estão no futebol de boa fé que a coerência na análise dos dois lances salvam o árbitro e o VAR de qualquer juízo de intenções. Eu continuo a achar que marcar penaltis nestes lances é muito penalizador e obriga a que os defesas abordem estes lances com os braços escondidos, perdendo assim capacidade normal de locomoção. O facto de os braços estarem ali não é necessáriamente bom porque a bola pode desviar do guarda redes. No caso do penalti final, o facto de a bola bater no braço até pode ter tornado o remate mais perigoso, porque a bola muda de direção e vai ao poste do lado inverso. Mas é uma opinião que não colhe para muitos incluindo os meus dois compinchas deste tasco cibernético. A maioria vence mas assim ficámos todos contentes.

Individualmente, MVP óbvio para Alex Telles que esteve em dois golos. As restantes notas são médias. Todos os jogadores tiveram coisas boas e más. Destacaria apenas duas notas negativas para Sérgio Oliveira que teve muita dificuldade em acompanhar a passada dos adversários. Nota negativa também para Aboubakar que esteve pouco em jogo e muito trapalhão. Por último, é de enaltecer o primeiro golo do miúdo Diogo Leite. Teve dificuldades perante um adversário que era um tanque e perante um meio campo que nem sempre protegeu os centrais. Mas vai ganhando fibra, confiança e vai ser muito difícil tirar-lhe o lugar. Duas referências para terminar. Houve ali vários erros, mas Felipe não pode dar a linha no lance do segundo golo. Hernâni entrou quando o resultado ainda não estava definido. Julgava que isso era proibido... Espero que não volte a acontecer.

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