Sete pecados capitais do FCPorto 2013/2014 - ‘Luchúria’
Quem ainda se lembrar de Lucho Gonzalez perceberá que o
título do pecado não é um erro ortográfico.
Poderemos também relembrar aquele que foi o factor chave que inverteu uma
tendência perigosa de irregularidade exibicional que se verificava na primeira
época de Vitor Pereira. Em Janeiro entrou o jogador que contava com títulos
nacionais em todos campeonatos disputados pelo FCPorto. Trouxe a sua liderança
serena e manifestada pela forma brilhante como lê o jogo como
poucos o fazem. E o FCPorto foi mudando gradualmente e, mais uma vez ganhou. É
óbvio que não foi o único factor a determinar esse desfecho mas não consigo deixar
de lhe atribuir a importância máxima nessa época conturbada. O próprio Vitor
Pereira reconhece que teve dificuldade em gerir o plantel e são claros os
paralelos que podemos traçar com esta época 2013/2014 a esse respeito. Mas este
ano seguiu-se um caminho diferente.
Não vou entrar em especulações sobre os motivos da saída. Se
o homem só quer dinheiro, se foi empurrado para fora do clube, ou se se teve de
escolher entre Lucho e Paulo Fonseca etc.. É impossível fazê-lo sem especular
muito. Estas coisas só nos chegam aos ouvidos por rumores inconfirmáveis. Como
tal, terei de dizer que, perante o evoluir da época do FCPorto, com as
dificuldades que Paulo Fonseca estava a sentir, e dada a depressão em que a equipa
estava a mergulhar, não restava outra hipótese senão a de fazer tudo para que
Lucho ficasse e para que se sentisse bem. Que sentisse que era parte fundamental da solução e nunca parte do problema. Escolheu-se o caminho inverso e ficámos apenas com uma referência
no plantel. Primeiro não servia para '10' posição que ocupava por imposição técnica e depois nem para '8' servia. O capitão sacrificou-se e serviu para todos os experimentalismos tácticos e isso terá de ter contirbuido muito para a sua saída.
Para completar o enredo, Helton lesiona-se passados poucos jogos e
foi a derrocada geral. Sem líderes em campo as fragilidades das equipas e dos
treinadores destacam-se com uma evidência impossível de esconder. Mas apesar de
destacar neste artigo as características de liderança, não significa que ache
que Lucho não trazia outros atributos. Já fui dizendo nesta serie de artigos que
acho que ele estava subaproveitado no esquema de Paulo Fonseca e, tal como Jackson,
perdido em correrias sem sentido. Os médios que ficaram, podem ter atributos
diferenciadores como a velocidade, a potência muscular ou alguns pormenores técnicos,
mas nenhum lê o jogo como Lucho. Por exemplo, na pressão ao adversário, na
provocação do erro e na gestão dos ritmos de jogo. Este Lucho trintão vale por vários Quinteros, Josués,
Carlos Eduardos e Herreras… Isto porque estes, para já, e sem orientação técnica
conveniente, são jogadores bons, mas que, perante adversidades, ainda não sabem o que fazer. Não
antecipam apenas agem ou reagem…
Para mim, tal como o seu regresso há dois anos foi o ponto de viragem, a sua saída este ano foi
o ponto sem retorno. Sou suspeito porque é um dos meus jogadores
preferidos de sempre no FCPorto, mas a gestão da saída de Lucho contribuiu
imenso para a derrocada final. Já nem uma mudança de treinador poderia inverter a tendência descendente.
Comentários
Parabéns brilhante artigo.
Contudo não deixo de acrescentar que muitos "Bluegosapientes" a chamar El Comandante de velho, de acabado, de arrastão, podem agora pôr a mão na cabeça.
Lucho Gonzáles corria, em média, de 10 a 12 kms por jogo. Jogou numa posição não natural para ele, num esquema ridículo que eu vi - sim, no estádio via-se PERFEITAMENTE - o Lucho a tentar contrariar, a mandar subir o Josué ou a reclamar junto ao banco por exemplo.
El Comandante saiu, de certeza, triste, incaaz de lidar com Fonseca. Penso sempre que o NGP falhou aqui. Tivesse deixado ir Paulo Fonseca sem deixar sair o Lucho, e estou convencido que Castro teria muito mais respeito por ele, e ainda teriamos alguma coisa.
Lucho a 8. Melhor que qualquer médio no plantel. Ainda dá para o ir buscar?
Lucho é sinónimo de classe e liderança... foi um regalo vê-lo jogar com o dragão ao peito...