Correu bem


Peço desde já desculpas pelo título, que mais parece uma daquelas respostas que se dá quando não se quer elaborar muito. Na verdade, a minha intenção é a oposta. Pretendo elaborar e muito!

A questão que se põe é a da oposição entre o que foi e o que poderia ter sido. Constatámos que o Marítimo, e concretamente o seu treinador, inspirou-se nas velhas tácticas do futebol de há 20/30 anos e naquelas interpretações foleiras e à portuguesa do fenómeno táctico italiano dessa altura, o catenaccio. Nesta particular interpretação, enfrentámos 9 jogadores de características defensivas e outros dois perdidos na frente. Linha de cinco defesas  com outra de três médio poderosos à frente, todos com instruções para marcações individuais em todo campo e para bater em tudo que ultrapassasse essas marcações individuais. Sérgio Conceição tem razão ao apontar que é muito vulgar os nossos adversários mudarem muito a sua maneira de jogar nos nossos jogos. E não fala apenas da agressividade. Fala também do desenho táctico e das opções de jogadores utilizados. Só não concordava com o facto de isso normalmente soava a uma queixa. Na verdade, hoje em dia, está provado que as rotinas reforçadas no treino têm muita influência no rendimento das equipas. Este factor por vezes equivale-se ao próprio talento individual dos jogadores. Estes 'golpes de asa' dos treinadores, ou funcionam imediatamente, ou tendem a promover mais confusão do que soluções. Basta ver as recentes experiências de Rui Vitória com três pontas de lança nos finais dos jogos... Se assim é, o facto de os adversários mudarem tudo para nos enfrentar, deveria ser considerado uma vantagem para o FCPorto. E foi assim que Conceição abordou o tema no final do jogo. O que ele disse é que demorámos a encaixar a maneira de jogar do adversário e que, assim que o fizemos, foi simples. Concordo! Apenas há que ter em atenção que esse processo de adaptação tem de ser mais rápido porque, ontem, demos uma parte de avanço. Zero oportunidades de golo na primeira parte do jogo. Zero! E o Marítimo até teve uma boa aproveitando o habitual erro de Felipe, normalmente um por jogo.

Ou seja, podíamos ter chegado ao intervalo a perder por um. Seria injusto mas podia ter acontecido.  É certo que a segunda parte ajudou-nos a compensar essa má imagem da primeira. Jogámos da mesma forma mas jogámos mais rápido e variámos mais o nosso jogo, bastando isso para que as referências individuais a que os jogadores do Marítimo se estavam a agarrar para conseguir jogar, deixassem de ser consistentes, fazendo com que perdessem facilmente a posição. O melhor exemplo foi o primeiro golo do FCPorto. Bastou Oliver driblar o seu marcador para que tudo na defesa do Marítimo de desmoronasse.

Assim, correu bem! E de várias formas. Sobrevivemos ao habitual critério disciplinar desastroso do Xistra. A opção por Oliver parece ter saído mais reforçada. E não teremos de aturar os adversários por marcar num lance manhosito e, se calhar, ainda conseguimos que se acabasse com esta insanidade de ter o Marega a marcar penáltis... Tudo num jogo em que não sofremos e em que trouxemos três pontos de um campo em que temos perdido muitos nos últimos anos.

Individualmente, dou o MVP a um dos jogadores que jogou bem quer na primeira parte quer na segunda, Militão. Está um Senhor defesa central e começa a embaraçar o Felipe. Não que esteja muito pior do que lhe é habitual. Mantém as muitas qualidades e alguns defeitos. O problema é a comparação com o colega do lado... Gostei também do jogo todo de Danilo e de Oliver. Em relação a Oliver uma crítica. Acredita miúdo! Naquelas condições nem olhes para trás. Assume e vai para a baliza! Corona voltou a ser o nosso médio mais desequilibrante e foi justo que fizesse ele os 90 minutos em vez de Brahimi. Otávio entrou muito bem e pode ter ganho o lugar no jogo da Champions, espero que no lugar de Herrera. Pela negativa, não gostei muito dos laterais. Na frente, Marega esteve melhor do que nos últimos jogos e bem melhor que Soares que quase só fez asneiras, sobretudo na primeira parte. Parecia que tinha ganho confinaça com o Varzim...

Um última chamada de atenção para o lance violentíssimo sobre Corona, na primeira parte. É inacreditável que alguém veja aquilo na tv e não ache que é uma lance perigosíssimo e óbvio para expulsão. Confirmei na repetição e acho incrível que o VAR não tenha funcionado. Pior fiquei quando vi que os especialistas em arbitragem acham disto. Aos do Jogo nem perguntaram. E Duarte Gomes e Pedro Henriques coincidem na mesma incrível opinião: como não acertou com os pitons, não é vermelho. Passados todos estes anos, ainda não se conseguiu estabelecer um critério para o que é ou não perigoso para a integridade física de um jogador? Também é incrível o facto de eu ainda me surpreender com estas coisas, mas a verdade é que me surpreendeu muito.

Uma boa vitória no início de uma semana infernal em que podemos garantir a passagem na Champions e o primeiro lugar isolado na Liga. Parece-me que estamos num bom momento e temos de aproveitar!

Comentários

Barba azul disse…
Eles andam com os nervos em franja, coitados!! : )