Feito
Terá sido o 'canto do cisne', este empate na Madeira. O campeonato está praticamente perdido. Isto apesar de continuarem a ser muito poucas as diferenças entre o FCPorto e o seu adversário. Ficou mais uma vez claro neste fim-de-semana. O Marítimo marca de canto na única oportunidade de golo que teve em 90 minutos e o Rio Ave não concretizou nenhuma das suas várias oportunidades para marcar e nem lhes permitiram tentar concretizar um penalty claro sobre o nosso miúdo Rafa Soares. Tem sido bastante frustrante acompanhar o FCPorto este ano. Por um lado, a equipa tem apresentado índices de entrega ao jogo e de resiliência que são assinaláveis. No entanto, o futebol que temos apresentado é constantemente medíocre! Já sei que me vão dizer que o futebol do mais que provável Campeão, apesar de todos os milhões gastos e de todo o colinho, não é melhor. Concordo mas não é algo que me traga consolo algum...
Não tenho consolo, nem tenho grande esperança no futuro próximo. Pode ser do estado depressivo, que tem sido habitual por esta altura nos últimos 4 anos, mas a próxima época parece-me estar inquinada à partida por dois factores fundamentais. Há muito tempo que foi anunciada, em sede de orçamento, que o plantel deverá sofrer grandes baixas para obter encaixe financeiro. Estou a pensar que Danilo e Brahimi serão baixas certas, mas não excluo a possibilidade de vendas prematuras de André Silva e Ruben Neves. Mas o que me preocupa mesmo é a manutenção de Nuno Espírito Santo. Muitos defendem que estivemos na luta graças ao nosso treinador, mas há muita gente que acha que estivemos na luta apesar dele. No meio andará a verdade, mas eu tendo mais para o 'apesar dele'. Porque eu sou daqueles adeptos que gosta de um futebol autoritário, com bola, com uma equipa que não recorre a futebol directo, com um futebol que consiga tirar o melhor proveito de todos os seus jogadores mais talentosos e não apenas de um único jogador a quem se entrega toda a responsabilidade de criar coisas diferentes, normalmente Brahimi. Ora nem na nossa melhor fase tivemos desempenhos plenamente satisfatórios. Lembro-me de um jogo em que jogámos um futebol parecido ao que aprecio e foi o jogo com o Leicester. Nunca mais voltei a ver um futebol assim. Nem mesmo quando ganhámos uma série longa de jogos. Nessa série tivemos exibições bem tremidas como a vitória em casa com o Rio Ave, em que tivemos cerca de 45% de posse de bola. Impensável para o um FCPorto que se quer autoritário no Dragão. Já sei que não se vai dispensar um treinador que perde o campeonato por poucos pontos, num ano que em que as manobras de bastidores têm tido uma influência escandalosa. Mas, na minha opinião o crime vai compensar a dobrar. Ganham o campeonato e, por sorte, garantem que o ponto mais fraco do adversário se mantem.
Nuno voltou a desiludir na Madeira. As opções iniciais foram estranhas, desde a exclusão de Layun por um miúdo que nunca tinha jogado, à titularidade de Herrera. As exibições destes dois não foram más mas nunca saberemos o que seria se entrássemos em jogo verdadeiramente para ganhar e com todas as nossas melhores armas. É até ridículo acabar o jogo com 3 pontas-de-lança. Quando se joga essa opção é dizer à equipa: «desisti de ganhar o jogo com táctica». Depois tira Otávio, que estava a ser o melhor, mexe no jogo tarde e numa altura em que não estávamos a conseguir aproveitar o espaço para contra atacar. Jota teria sido uma opção para explorar esse jogo e que funcionou bem em Guimarães. Em suma, o Marítimo foi feliz mas o FCPorto «pôs-se a jeito».
Individualmente, a equipa não chegou a apresentar um futebol convincente mas, quando se aproximou de o fazer, foi através de Otávio. O miúdo teve uma boa estreia num jogo muito difícil. Pela negativa, Felipe e Soares. É preciso muito cuidado com o que se faz destes dois jogadores. Já sei que é difícil criticar perante o rendimento global dos dois, mas é preciso ver o seu rendimento quando a exigência aperta. Nessas circunstâncias Felipe só manda bolas para a bancada e leva amarelos estapafúrdios. Soares, por sua vez, faz falta em todos os lances que disputa. É irritante sobretudo naqueles minutos finais em que perdemos metade das bolas bombeadas, em faltas ofensivas. O próprio Alex Telles tem tido uma tendência para erros em alturas cruciais. Vejam a forma como cede o canto que nos tirou dois pontos.
Há mais dois jogos para honrar a camisola. É o mínimo que se exige!
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