O problema



Nuno Espírito Santo tem sido bastante comedido quando fala dos prejuízos arbitrais sucessivos. Quanto a isso, aqui vai uma posição polémica: ainda bem que Nuno não se queixa muito da arbitragem porque tem sido esse o factor que o mantém na posição de treinador do FCPorto. Não que eu ache que estas trocas de treinadores recentes tenham sido boas decisões, apesar de ter apoiado algumas delas. Todos podemos concluir que todas elas tiveram efeitos nefastos sobre o futebol da equipa e os resultados, invariavelmente, pioraram. Apenas digo que, conhecendo os nossos adeptos,  se tivéssemos, de 15 em 15 dias, exibições irritantes como a de Paços, sem razões de queixa, já tínhamos caído em cima de Nuno Espírito Santo. E só não o fizemos porque ele tem atenuantes. Mas será uma questão de tempo.

Mas já vínhamos aqui avisando que o prejuízo não justificava tudo. Em Paços, mais uma vez, o nosso futebol esteve à vista de todos. Começamos bem com oportunidades, com controlo, mas sem sufoco. À medida que o tempo vai passando, as oportunidades vão rareando quando deveria acontecer o contrário. Vi vários jogos este fim-de-semana em que as equipas pequenas causaram grandes problemas. Muitos mais que os que o Paços nos criou. Por exemplo, o Barcelona e o Nápoles tiveram claras dificuldades.  Mas a diferença é que, no final, o ataque dos Grandes não foi perfeito mas foi intenso e subjogou por completo os adversários obrigando-os a concentrarem-se dentro da área defensiva e, mesmo assim, conceder oportunidades de golo. E ontem só tivemos isso no final da primeira parte. Dirão que tivemos muitas oportunidades falhadas. Mas quantas na segunda parte? Uma, duas? Tal como em Tondela, Setúbal, Belém... É uma história demasiadas vezes repetida para passar como um mero problema de finalização. São quatro resultados 0-0! Metade dos nossos jogos fora. Sabem o que têm em comum os últimos dois jogos fora que ganhámos? Marcámos 3 golos na primeira parte. Mas quando temos de lidar com a pressão do cronómetro, longe do Dragão, a equipa perde-se nas segundas partes. À medida que o tempo vai passando o adversário vai-se fechando e acabam as nossas oportunidades de golo. Ora, uma equipa grande tem de conseguir aproveitar estes recuos para sufocar o adversário. Nós não conseguimos. E as substituições de Nuno não ajudam. Parecia que estava a esforçar-se para irritar os adeptos. Ficávamos contentes com a opção que ia entrar para logo perdermos a esperança por causa do jogador que ia sair. Rui Pedro em vez de Depoitres? Muito Bem! Não vamos entrar na táctica do chuveirinho e podemos alargar a frente de ataque. Vai sair uma Jota? Afinal vamos afunilar a frente de ataque... Vai entrar João Carlos? Boa! Mais um com critério, na cabeça da área. Sai Oliver? Ok... Afinal não é mais um. Mantemos os mesmos... Esta incapacidade de mexer bem no jogo é algo que Nuno vem replicando consecutivamente sendo até uma das críticas mais vulgares dos portistas e tem toda a razão de ser.

Individualmente, além da nota muito negativa à prestação de Nuno nas substituições, dou o MVP a Ruben Neves. Na dúvida e com vários jogadores com notas apenas médias, dou ao jogador que mais gosto mas, se preferirem, considerem que não há MVP. Dizem que Danilo é preciso para garantir a segurança defensiva, mas nesse aspecto, não fez falta. É claramente a posição melhor preenchida no plantel. Quem dera que tivéssemos tanta qualidade e competitividade noutras posições. Na primeira  parte, Ruben criou muitos problemas ao Paços com as suas variações de jogo certeiras. O problema é que Jota não estava inspirado nesta nova posição de ala e Corona esteve um nojo! É incrível como Jota sai primeiro. Provavelmente, a pior exibição do mexicano com a nossa camisola. Herrera fez melhor mas foi caindo e não se percebe porque não saiu para refrescar aquela posição com mais criatividade. Os miúdos da frente continuam a falhar mas estão longe de ser o problema. Os nossos laterais não estiveram bem no apoio ofensivo e isso também não ajudou.

Esta era a jornada decisiva de Janeiro. Abria-se uma oportunidade de pôr pressão na frente a que se seguiam dois jogos em casa. Falhámos e o título é cada vez mais uma miragem.

Comentários

Anónimo disse…
A propósito de André Silva, a propósito de Rui Pedro, a propósito do matacão Depoitre, uma breve reflexão: os goleadores portugueses de hoje não merecem mais do que a referência «avançados», e nalguns casos, «amostras de avançados». Não há goleadores portugueses, há tatuados, rapazes do shopping, modelos de cabeleireiro, meninos-milionários dentro de máquinas de 200 mil euros. Tudo lhes caiu do céu.
O último grande goleador português foi precisamente Domingos, cujas pernas eram autênticas ganchetas. Teve de trabalhar anos de sol a sol para lhes dar recheio, espessura, musculatura, resistência, e nunca deixaram de ser ganchetas, ameaças permanentes de fracturas quádruplas: tinha 1,74 metros e 59,5 quilos mas aos 18 anos já era Campeão Intercontinental, aos 21 atingia no campeonato a melhor marca de um português nos últimos 30 anos (31 golos, duas vezes), foi o último ’Bola de Prata’ português (1985) e saiu em 1995 para fazer fortuna em Tenerife e dar lugar a Mário Jardel, o único, desde então, que passou as suas marcas 31 até Jonas fazer 32 no ano passado. Pelo meio, em 2002, Simão ganhou meia Bola de Prata com 18 miseráveis golos, a outra meia foi para Fary, com essa vergonhosa marca.
O FC Porto suspira por goleadores, pois atacantes tem muitos.
Com a idade do Domingos, o André Silva vai no quarto ano de profissional (dois na B, dois na A), e na equipa maior, leva 16 golitos... Tem mais 11 centímetros e 19 quilos, mas falta-lhe, como a todos os que se seguiram a Domingos, instinto, magia, perfume de goleador, mais as inovações de ordem estátia que Domingos introduziu no seu futebol de cristal. E aquela imensa vontade de ganhar que disfarçava a anemia de um físico de Kate Moss.
Acho piada aos que dizem que «ainda é muito novo», etc, etc. Acho piada ver os clubes cheios de técnicos de técnicos de técnicos, especialistas disto, daquilo e daqueloutro. Resultados: zero. É preciso importar todos os anos, mesmo que sejam catrapilos de seis milhões de euros, a fazer lembrar os matacões da Luz dos anos 80, como aquele alto e loiro Manniche.
Anónimo disse…
Anónimo, no meu tempo de escola primária quando um miúdo era muito burro a professora costumava dizer aos Pais para não os magoar: "O seu filho é muito novo para passar de ano". Aqui é a mesma coisa. O Fenómeno aos 17 já facturava como gente grande, o Romário também, o Messi não tremia. A idade não conta na hora de finalizar. A idade apenas conta para alguma matreirisse que se possa ter para ganhar posição ou saltar com os centrais. O golo em catadupa é para quem tem muita classe e quem não tem as 18 não vai ter aos 35.
Prata, o Ruben não me parece incompatível com o Danilo. Pela qualidade de passe que tem podia jogar perto dele deixando o Oliver numa posição mais adiantada. Sim, porque quando o cerco aperta o Ruben é tenro como trinco.

Artur
Anónimo disse…
Gosto de ler este blog mas com posts como este terei que deixar de vir.
Falar mal do herrera neste jogo so pode ser encarado como piada (de mau gosto) e eleger Ruben neves melhor em campo tambem. A comparacao com danilo esta ferida de subjectividade. "Gosto mais dele e pronto"
Abordar ligeiramente o rendimento (?) do andre silva? Nao dizer que foi o pior jogador do porto em campo (a par com o Oliver)? Entendo que para um adepto do porto falar mal do andre silva pode ser encarado como sacrilegio, mas sera tao evidente que nao se pode esconder.
Falta claramente um avancado!
prata disse…
Artigos de opinião feridos de subjetividade... Assina porque essa é de génio!
JB disse…
O Anónimo diz que com posts destes vai deixar de cá vir, porque falaram mal da exibição do Herrera (fez cá um jogaço ui ui), e no entanto acha que o Óliver foi dos piores em campo... ok.
Também achei que Rúben foi dos melhores, e que a decisão de tirar Jota foi a roçar o ridiculo. Apesar de não estar a fazer um jogo de encher o olho, foi provavelmente o jogador da frente de ataque com maior percentagem de acerto em todos os lances que disputou. Já de Corona... não me lembro de um jogo tão mau.
Anónimo disse…
O objectivo de bater sempre no Herrera, como no Brahimi, como já o foi no Quintero, no Quaresma, Iturbe, é sempre o mesmo. Deixar o F. C. do Porto só com os "inhos" e com os sapatões, para depois poderem malhar na administração e espalharem o caos.
prata disse…
Não percebo o têm em comum estes 5 jogadores. Mas se fosse daqueles exercícios de descobrir qual não pertence ao grupo eu apostava no Herrera. É por serem todos incompreendidos? Mesmo assim, a segunda fase do comentário não faz qualquer sentido. Herrera está longe de ser um daqueles jogadores com capacidade de decidir jogos com rasgos individuais.

Além disso em nenhum ponto é dito que o Herrera jogou mal. Apenas é dito que faria mais sentido ser ele um dos que teria de sair, mas pela forma como o jogo estava a decorrer. Obviamente todos jogaram pior na segunda parte.