Esperar até a decisão ser fácil
Quem costuma parar por aqui sabe que não sou dos que pede a cabeça dos treinadores de ânimo leve. É raro fazê-lo, e normalmente só o faço no fim das épocas desportivas e com o balanço a suportar a decisão. Não diria que é uma originalidade minha visto que, no FCPorto, isto é regra. Tal não implica que é receita única de sucesso. Eu sei que é difícil perceber ou até admitir que se errou na escolha do treinador. Sobretudo vindo de alguém que pode dar aulas sobre como gerir relações com treinadores e como escolhê-los. Mas parece que estão à espera do momento em que já não têm outra alternativa... Esta relação com Paulo Fonseca vem mostrar um claro defeito nos nossos dirigentes: a demasiada implicação com o treinador escolhido. Eu sei que isto normalmente é uma virtude, mas é muito nocivo quando a escolha do treinador falha. Paulo Fonseca é um óptimo exemplo de como isto pode correr mal. Com a carta branca que lhe demos perderemos provavelmente o campeonato e é bem possível que a passagem pelas competições europeias seja um desastre. Mas perdemos muito mais! Além disso perdemos Lucho. Perdemos Lucho porque ele não podia jogar a 10, porque lhe pediram para estar próximo do ponta-de-lança e porque não podia jogar a 8, porque jogava muito próximo do Fernando. Reparem como a confusão táctica nos tirou o nosso capitão! E Otamendi? Alguém sente saudades dele? Do Otamendi deste ano ninguém sente! O problema é que, tal como Mangala, Maicon, Alex Sandro e Danilo, Otamendi jogou muito menos com Paulo Fonseca. Culpa dos jogadores? Não me parece. Se nos ligamos demasiado a uma má solução arriscámo-nos a deitar por terra um trabalho de anos. Que se tenha isso em consideração na decisão que vamos tomar nos próximos dias.
Não me quero alongar muito sobre o jogo. No último parágrafo da minha última crónica dizia que este Estoril era bem melhor que a equipa alemã. Não se provou por completo. O resultado mais justo seria o empate a zero e só um lance marcado pela apatia de Abdoulaye e pela enésima nabice de Mangala é que o transformou numa derrota. Nota positiva apenas para Fernando. Tudo o resto foi de uma mediania inquietante.
Que se salve a época! Esta e a próxima! Há que mudar de rumo.
Comentários
Quanto ao jogo, não foi dos piores da época... o início da segunda parte até me surpreendeu porque eles entraram com atitude e vontade, fazendo 15/20 minutos bons e com 3/4 lances de golo... o golo do Estoril surge do nada (só um remate cruzado do Balboa antes do penalty)... com o golo o jogo acabou, porque a paciência dos portistas já se tinha esgotado há muito, em particular no jogo contra os alemães e aquele golo foi a machadada final...
Na altura as críticas dos feitas pelos 'confundidos' eram infundadas e com pouco sentido. Nada do que eu critiquei se veio a provar errado a não ser o facto de o treinador ser fraco no geral. Mas mesmo isso era impossível de avaliar nessa altura. Muito menos a seguir ao jogo com o Atlético de Madrid que foi, até hoje, o nosso melhor jogo. Eu sei que há por aí muita gente brilhante que passa a vida incógnita, ou anónima, mas eu não me considero em tal patamar de brilhantismo, a tal ponto de antecipar, nessa altura, que Paulo Fonseca ia fazer com que a equipa evoluisse tão pouco. De resto, não tinham razão os que diziam que tínhamos um plantel melhor (tivemos de o reforçar com Quaresma) não tinham razão os que diziam qua a solução passava pela substituição de Lucho por Quintero. Aliás, também Carlos Eduardo e Josué têm tido dificuldades em manter um rendimento constante nessa posição. O problema não são jogadores é a falta de rotinas e um de esquema de jogo. Também não tinham e não têm razão os que falam do problema do duplo pivot como problema ofensivo. No ano passado era muito vulgar Moutinho juntar-se a Fernando na primeira construção. O problema do duplo Pivot é defensivo pelo facto ser ser um linha de pressão muito recuada em relação aos adversários que temos encontrado.
E termino como terminei esse post: «No entanto, não perdoarei se o rendimento de alguns jogadores, aos quais ainda não vi um rendimento suficiente para entrar na equipa, não forem evoluindo à medida que a época vai avançando. Será, esse sim, um sintoma de treinador fraco e limitado. É muito fácil trabalhar com onze Defours. Os Quinteros é que dão trabalho, mas valem a pena!»
I rest my case
É precisamente o que o Prata diz no comentário, temos de tirar proveito e promover os jogadores com talento, como o Quintero e Kelvin (que ainda está uma merda é vdd). Se a bola do Kelvin no ano passado fosse o Licá tinha ido parar ao rio Douro, nunca na vida tinhamos ganho o campeoanato!!
Os adeptos e jogadores já se fartaram do treinador, não vejo outra solução que não a chicotada.