Futebol sul-americano
Não gosto muito daquela expressão:«em Roma sê romano». Sobretudo se estamos a falar de futebol. Mas pareceu que o FCPorto se deixou afectar pelos ares da Venezuela e apresentou um futebol com sabor sul-americano. Sem meio-campo, grandes correrias e fraca ligação entre sectores. Vá lá que Paulo Fonseca resolveu o assunto ao intervalo com a inclusão de Lucho na equipa. Mas não convém esquecer que voltámos a ver os calafrios defensivos que vimos com o Marselha. Desta vez apanhámos avançados mais inspirados e que nos ajudaram a desmistificar aquela ideia da 'equipa que não sofre golos'. Notava-se que, pelo que íamos vendo, era apenas uma questão de tempo, visto que é dos sectores onde o jogo ainda está longe do que poderá ser.
Como tal, diria que não foi um grande teste. Não deu para ver reforços porque jogaram ou na pior fase da equipa ou na fase em que já tudo estava decidido. Não deu para ver evoluções tácticas porque o jogo foi partido e sem grandes preocupações a esse nível. Salvaram-se alguma exibições individuais de avançados, perante o espaço de que dispuseram. Tal como o FCPorto, os venezuelanos tiveram muito espaço e remataram muito e, por vezes, extemporaneamente, o que ajudou a que houvesse menos calafrios. Ainda assim as trapalhadas da defesa deram uma ajudinha. Nesse campo destacaram-se Mangala, Fernando e Fucile. Na segunda parte, Lucho, Jackson e Danilo deram à equipa a serenidade que faltou e a quebra dos venezuelanos fez o resto. Destaques positivos para Iturbe e Varela. Não me irei entusiasmar muito com estas duas exibições porque acho que tiveram pela frente adversários que lhes deram muito espaço e tempo para pensar. Ainda assim é de assinalar a velocidade de Iturbe e sobretudo a objectividade. Se há coisa que assustou quem viu Iturbe jogar pelo FCPorto B foi a incapacidade que ele demonstrou consecutivamente de tomar opções certas nas alturas certas do jogo. O que vimos até agora é um jogador que dá chutões para a frente para ganhar em velocidade e remata forte de pé esquerdo. E joga sempre assim independentemente do resultado, do relvado, do adversário, etc. Ontem já vimos oscilações de velocidade, vimos cruzamentos por alto, rasteiros, atrasados, enfim, jogo variado e muito mais entusiasmante e útil. Será que ele só joga assim no seu continente? Ainda não vimos disto na Europa. Por último, irei destacar o MVP do jogo, Defour. Pelo que temos visto e apesar da opção por Josué nos primeiros jogos, será ele o titular natural no lugar de Moutinho. Não terá ainda a classe do português, mas quem tem? A verdade é que encaixa na perfeição no novo esquema de Paulo Fonseca e foi até agora o único médio que deu a amplitude necessária à posição.
Na quarta-feira há mais, mas espero que consigamos impor o nosso estilo de jogo, algo que não aconteceu ontem.
Comentários
Mas em suma, o que eu mais gostei foi sentir a vontade de ganhar nos jogadores... a forma como encaram a partida... o lance em que num segundo 3 jogadores do Porto levam amarelo, mostra isso... a vontade de querer ganhar e forma séria como encararam o jogo...
Gostei da velocidade e dos cruzamentos de Iturbe e da exibição de Defour.
Estes jogos dizem pouco.
Só de me lembrar dos dois jogos do AVB que perdemos na pré-época contra os francius... e depois foi uma época maravilhosa!
Gostei da exibição do Defour, acho que o Carlos Eduardo tem muita classe mas está muito inibido e isso prejudica-o e adorei o Iturbe. A velocidade dele poderá ser muito importante na CL até porque ele finaliza muito bem. O Fabiano dá-me calafrios e o Maicon parecia que estava no distrital. Só chutão!