Efeito surpresa

Houve uma certa tendência nos últimos dias para comparar o erro de Bruno Alves em Manchester com o de Helton em Madrid. De facto, seriam igualmente graves não fosse o pequeno pormenor de Helton ser reincidente. Mas percebe-se que Bruno ficou afectado. Percebeu-se no próprio jogo de Old Trafford, onde cometeu mais dois erros anormais nele, e percebeu-se também no jogo deste sábado. É que por entre o marasmo que foram os primeiros minutos da exibição frente ao Amadora sobressaía um jogador que parecia que estava a pôr neste jogo o dobro do empenho dos seus colegas, que estavam a aproveitar para descansar perante o enorme desafio que vem aí. Parecia que tinha algo a provar aos adeptos. Pois por mim não era preciso. Continuo chateado com o que aconteceu naquele golo de Rooney, mas não estou chateado com o jogador. Estou chateado por aquilo ter acontecido logo a ele. Ele que, por muito que nem sempre tenha a braçadeira, tem sido o nosso capitão. Não me esqueço daquele episódio em que, na Figueira da Foz, após a terceira derrota consecutiva, foi sozinho pedir aos adeptos a união em torno da equipa. Para mim não tem mesmo nada a provar. Outra coisa que me incomodou foi esta conversa de que agora será mais difícil vender Bruno Alves pelos valores que se falava e para os clubes de que se falava. Pois se forem esses os critérios de prospecção dos grandes clubes, óptimo. É que prevejo que poderemos fazer muito mais surpresas, nos próximos anos, como a que fizemos no denominado teatro dos sonhos. É óbvio que é um jogador talhado para voos mais altos. Mas para já é nosso e prevejo mais uma exibição em cheio na próxima quarta-feira.


Mas vamos ao jogo do Dragão. Muito morno até ao golaço de Bruno Alves. Dava até a ideia que poucos eram os que tinham a cabeça naquele jogo. Mesmo para os adeptos parece difícil não pensar no jogo de quarta-feira. Mas a verdade é que há um campeonato para ganhar e neste momento temos um adversário ainda capaz de nos fazer frente e que tem apenas 4 pontos de desvantagem. Daí a importância do golo de Bruno Alves. A partir daquela altura o jogo poderia começar a complicar-se como outros que vimos recentemente no Dragão. Depois disso foi só aguardar pelo avolumar do resultado e pela veia goleadora de Farias. Estes golos de Farias na segunda parte do campeonato começam a fazer lembrar a segunda metade da época de Adriano de há umas épocas. Golos importantes de um jogador que vai ter o seu nome bem marcado nesta arrancada final para o Tetra. Outra boa exibição foi a de Sapunaru. Tem se dado bastante ênfase às exibições de Cissokho. A verdade é que também na lateral direita temos tido um jogador completamente irreconhecível dada a má impressão que deixou nos primeiros jogos. A entrada de Hulk e o facto de Mariano ter acordado na segunda parte também ajudaram a que a exibição fosse tranquila. Lucho, Meireles e Rodriguez estiveram com a cabeça noutro jogo. Uma palavra para o regresso de Guarín: trapalhada.


Mas depois da justa euforia que assolou a nação Portista após a exibição em Inglaterra, convém acordar. Todos percebemos que as grandes equipas europeias já não deviam subestimar-nos. A verdade é que, sobretudo as espanholas e inglesas têm-no feito consecutivamente. E nós vamos aproveitando o efeito surpresa a nosso favor. Mas convém não esquecer que para quarta-feira esse efeito desapareceu. Desta vez os ingleses dar-se-ão ao trabalho de preparar o jogo convenientemente. Nós é que teremos de provar que será tarde demais. E nada mais inspirador que a recente campanha do FCPorto em que os jogadores aparecem como operários. Vamos ter de ter uma equipa muito trabalhadora para passarmos este dificílimo teste.


Para terminar, passou já mais de uma semana desde as decisões do conselho de Justiça e do Tribunal de Gaia. A primeira deu ao nosso Presidente a possibilidade de voltar a falar em nome do clube. A segunda quase que terminou com o processo do Apito Dourado, no que ao FCPorto diz respeito. Aguardo reacções do nosso Presidente, agora que pode falar, nomeadamente quanto ao que pretende fazer no futuro próximo com estas decisões da justiça civil.


Equipa para a decisão dos quartos de final da Champions:


Helton; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves e Cissokho; Fernando, Meireles, Lucho e Rodriguez; Lisandro e Hulk.



PS: Prometi fazer a pergunta todas as semanas e, portanto, cá vai: Em que ponto está a renovação de Lisandro?

Continua a petição em
: http://www.peticao.com.pt/lisandro-lopez



Comentários

Manuel Guedes disse…
«Prometi fazer a pergunta todas as semanas e, portanto, cá vai: Em que ponto está a renovação de Lisandro?»

O Lisandro quer renovar? É novidade para mim.
Lamas disse…
Sintetizaste um pouco de tudo o que se passou nos últimos tempos no mundo do Dragão...

O jogo do Estrela foi o ideal antes da recepção ao Manchester, mas só se tornou ideal após a bomba de Bruno Alves... devíamos, ter entrado logo a matar... mas o golo surgiu e depois a exibição foi agradável...

Grande lance de Sapunaru (um jogador que eu bastante critiquei pela displicência defensiva depois das subidas à área adversária), fantástica a forma como tira o adversário do caminho (de calcanhar) e depois aquela sarda de pés esquerdo é muito boa...

Guarin... entrou a tremer... a bola queimava-lhe nos pés... eu ainda tenho esperanças, porque acho que tem condições físicas e técnicas para ser jogador... espero que Jesualdo ainda o transforme em jogador...

Manchester vem aí, e, já não penso noutra coisa... infelizmente aquela estranha confiança que tinha na passada terça já não está em mim... estou com receio e ansioso pelo jogo... que chegue rápido...
Pispis disse…
Boa Lamas, é bom saber q já tás a chorar para 4ª :-)

Se queres q o Guarín dê jogador tens q fazer o mm, rasga-o todo e talvez nos surpreenda cm o Sapu :-)

Prata, só na 4ª vou ter capacidade de dizer se vou esquecer fácil o enterro do B. Alves :-)
Daniel disse…
Interessante a pergunta deixada no 1º comentário, Lisandro quer renovar? Penso que vai ser um dos 2, 3 jogadores a serem transferidos no verão, nas quais espero que o nome de Bruno Alves não esteja incluído!

O erro cometido pelo Bruno é de lamentar mas é muito mais desculpável que os cometidos pelos seus companheiros.
Porque é portista, português, profissional, honra a camisola que veste e é o único líder em campo e neste momento é o melhor central português.

Rumo às meias finais espero que a sua garra e determinação sirvam de inspiração aos seus colegas, principalmente aqueles que pensam que são maiores que a instituição que representam.